Os Mutantes (álbum)
Os Mutantes | |||||
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Álbum de estúdio de Os Mutantes | |||||
Lançamento | Junho de 1968 | ||||
Gravação | 1968 | ||||
Gênero(s) | Tropicália, rock psicodélico, rock experimental | ||||
Duração | 36:01 | ||||
Idioma(s) | Português e Francês (faixa 8) | ||||
Gravadora(s) | Polydor Records | ||||
Produção | Manoel Barenbein | ||||
Cronologia de estúdio por Os Mutantes | |||||
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Singles de Os Mutantes | |||||
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Os Mutantes é o álbum de estreia da banda homônima brasileira de rock psicodélico. Foi lançado em LP em junho de 1968 e reeditado em CD em 1992 e 2006 pela gravadora Polydor Records, sendo lançado nos EUA pela Omplatten Records e depois (em 2006) pela Universal Records. É considerado um dos mais importantes álbuns da história da música brasileira, por conter um som inovador para a época, misturando elementos da música brasileira com o rock psicodélico e experimental e usando de diversas técnicas de estúdio, fazendo parte do movimento tropicalista. Foi classificado em 9° lugar na lista da revista Rolling Stone dos 100 maiores discos da música brasileira.[1]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Os Mutantes estrearam em um programa da TV Record que passava no horário anterior ao programa da Jovem Guarda, chamado O Pequeno Mundo de Ronnie Von. O grupo fazia a trilha sonora, tocando muitas vezes composições eruditas em versões adaptadas para o rock e também sucessos dos Beatles e outras bandas do momento. Após essa estreia, o grupo foi convidado para participar de diversos programas, inclusive a Jovem Guarda, que teve a proposta recusada por não aceitarem em cena a quantidade de equipamento utilizada pela banda.
Em 1967, por indicação do maestro Rogério Duprat, conhecem Gilberto Gil. A partir disso gravaram duas canções junto com Gil: "Bom Dia" e "Domingo no Parque" com a qual participaram, junto do compositor baiano, da estreia tropicalista no III Festival de Música Popular Brasileira, ficando com o segundo lugar. Logo então começaram a se envolver cada vez mais com o movimento tropicalista, participando de momentos memoráveis com a apresentação sob vaias de "É Proibido Proibir" no III Festival Internacional da Canção e também do programa Divino, Maravilhoso, última grande manifestação tropicalista. A banda também participou do "disco manifesto" Tropicalia ou Panis et Circencis, um dos mais importantes da música brasileira, participaram nas gravações de discos de Gilberto Gil e Caetano Veloso e fizeram comerciais televisivos e jingles para a Shell.
Música
[editar | editar código-fonte]O álbum foi gravado no início do ano de 1968, com a produção de Manoel Barenbein e arranjos de Rogério Duprat. É marcado pelo experimentalismo e pela utilização de várias técnicas de estúdio, como mudanças de ritmo, guitarras distorcidas, uso de ruídos, sonoplastia, e de objetos não convencionais para simular o som dos instrumentos, como uma bomba de inseticida em "Le Premier Bonheur do Jour". Nota-se uma forte influência da banda inglesa The Beatles e do rock psicodélico, misturando esse elementos com gêneros musicais brasileiros com o samba em "A Minha Menina", o candomblé em "Bat Macumba" e o baião em "Maria Fulô".
Faixas
[editar | editar código-fonte]Lado A | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Panis et Circenses" | Gilberto Gil e Caetano Veloso | 3:38 | |||||||
2. | "A Minha Menina" | Jorge Ben | 4:42 | |||||||
3. | "O Relógio" | Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias | 3:30 | |||||||
4. | "Maria Fulô" | Humberto Teixeira, Sivuca | 3:04 | |||||||
5. | "Baby" | Caetano Veloso | 3:01 | |||||||
6. | "Senhor F" | Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias | 2:33 |
Lado B | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
7. | "Bat Macumba" | Caetano Veloso, Gilberto Gil | 3:10 | |||||||
8. | "Le Premier Bonheur du Jour" | Frank Gérald, Jean Renard | 3:36 | |||||||
9. | "Trem Fantasma" | Arnaldo Baptista, Caetano Veloso, Rita Lee, Sérgio Dias | 3:16 | |||||||
10. | "Tempo no Tempo" | John Phillips - Versão: Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias | 1:47 | |||||||
11. | "Ave Gengis Khan" | Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias | 3:48 | |||||||
Duração total: |
36:01 |
Informações das faixas
[editar | editar código-fonte]Panis et Circenses
[editar | editar código-fonte]O LP abre com a faixa "Panis et Circenses" ("pão e circo", em latim) composta por Gilberto Gil e Caetano Veloso. Segundo Rita Lee, Gil e Veloso compuseram a canção "em apenas quinze minutos".[2]
A Minha Menina
[editar | editar código-fonte]Rita Lee conta, em sua autobiografia, que a canção foi composta a seu pedido. Ela foi até o apartamento de Jorge Ben, onde o encontrou com uma cantora. O compositor rapidamente criou o esboço da composição, "com olhares de torpedo" para a mulher que o acompanhava.[2]
O Relógio
[editar | editar código-fonte]Rita Lee afirma que a faixa é uma "homenagem ao [seu] próprio" relógio.[3]
Maria Fulô
[editar | editar código-fonte]"Maria Fulô" (também conhecida por "Adeus, Maria Fulô") é uma canção composta em parceria por Sivuca e Humberto Teixeira, gravada originalmente em 1951. Rita Lee sugeriu a gravação desta faixa para "abrasileirar" a sonoridade do grupo. A mãe da cantora tocava a faixa no piano, e por isso Rita já conhecia a letra.[2]
Senhor F
[editar | editar código-fonte]De acordo com Rita Lee, a canção foi "chupada", ou seja, fortemente inspirada, em "Being for the Benefit of Mr. Kite!", dos Beatles.[3]
Le Premier Bonheur du Jour
[editar | editar código-fonte]"Le Premier Bonheur du Jour" é uma canção dos compositores franceses Frank Gérald e Jean Renard, gravada originalmente por Françoise Hardy no álbum Le Premier Bonheur du jour.[4] Antes d'Os Mutantes, a canção era cantada por Rita Lee no seu grupo Teenage Singers.[2]
Fortuna crítica
[editar | editar código-fonte]Críticas profissionais | |
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Avaliações da crítica | |
Fonte | Avaliação |
Allmusic | link |
About.com | link |
Amazon.com | (favorável) link |
O álbum Os Mutantes foi considerado uma obra de vanguarda, graças à influência sofrida do Tropicalismo, que fez com que os Mutantes misturassem o rock psicodélico com elementos brasileiros, criando um tipo de música inédita no Brasil, que ainda sofria muita influência da fase mais pop dos Beatles, que recebia o nome de iê-iê-iê. O álbum recebeu várias críticas positivas ao redor do mundo. John Bush, do Allmusic, disse que "o álbum de estreia da banda Os Mutantes é de longe o melhor, uma viagem incrivelmente criativa que assimila pop orquestral, psicodelismo lunático, música concreta, encontro de sons ambientes; e isso é apenas a primeira música!" e conclui dizendo que o álbum é "Muito mais experimental do que qualquer um dos álbuns produzidos pela bandas da Grã-Bretanha ou América da era psicodélica".
Ficha técnica
[editar | editar código-fonte]Os Mutantes
- Arnaldo Baptista - baixo, teclados, voz
- Rita Lee - voz, flauta doce, percussão
- Sérgio Dias - guitarras, voz
Participações especiais
- Dr. César Baptista - voz em "Ave Gengis Khan"
- Dirceu de Medeiros - bateria
- Jorge Ben - voz e violão em "A Minha Menina"
Produção musical
- Manoel Barenbein - produtor
- Rogério Duprat - arranjos
- Stélio Carlini - técnico de som
Capa
[editar | editar código-fonte]A capa do disco é uma foto de Olivier Perroy. Sérgio veste uma capa preta de veludo; Arnaldo, um quimono; e Rita, um vestido-poncho feito com uma toalha indiana. A direção artística foi de Wesley Duke Lee, convidado por Guilherme Araújo. A contracapa traz desenhos feitos pelos próprios Mutantes[5].
Curiosidades
[editar | editar código-fonte]- Esse disco foi eleito um dos 50 discos mais experimentais da história, segundo a revista MOJO. Ficou na frente de nomes como The Beatles, Pink Floyd e Frank Zappa
- O disco foi colocado na lista "Los 250: Essential Albums of All Time Latin Alternative - Rock Iberoamericano" (Os 250 álbuns essenciais de todos os tempos de Rock Latino) da revista Al Borde, na 21ª Posição, álbum brasileiro melhor colocado.[6]
Referências
- ↑ «Os 100 maiores discos da música brasileira». Rolling Stone. Consultado em 20 de dezembro de 2012
- ↑ a b c d Lee, RIta (2016). Uma autobiografia. São Paulo: Globo Livros. 75 páginas
- ↑ a b Lee, Rita (2016). Uma autobiografia. São Paulo: Globo Livros. 76 páginas
- ↑ «Le Premier Bonheur du Jour - Françoise Hardy / Allmusic.com». Consultado em 31 de dezembro de 2014
- ↑ BARAT, Aïcha Agoumi de Figueiredo. Capas de disco: modos de ler. Tese (doutorado)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Letras, 2018. P. 86-87
- ↑ «Los 250». Al borde. 16 de setembro de 2008